O ONS despacha usinas térmicas por ordem de mérito semanalmente para atendimento de energia.
Essas usinas térmicas são aquelas que apresentam custo variável unitário (CVU) menor do que o custo marginal de operação (CMO).
O custo marginal da operação, base para a formação do PLD, é o custo de atender uma unidade adicional de carga, ou seja, para a produção de 1 MWh adicional.
Normalmente possui um valor próximo do custo de combustível da última térmica despachada.
São essas usinas térmicas despachadas que determinam o preço de geração de energia daquela semana operativa.
Apenas as usinas térmicas que tivessem valores menores que o PLD deveriam, por ordem de custo, ou por ordem de mérito, serem acionadas.
Porém, seja por restrição física ou pela ausência de ligação da usina à rede, ou por decisão estratégica da ONS, as usinas térmicas podem não estar prontas para serem despachadas e, então, outras usinas entram em substituição.
Essas outras usinas podem ter um custo de geração de energia maior que o determinado pelo PLD, e portanto, estão fora da ordem de mérito.
Daí temos o termo de Geração Fora da Ordem de Mérito (GFOM).
Como a ONS faz para otimizar a geração hídrica e térmica
O problema da otimização da geração hidrotérmica consiste em definir uma meta de despacho que atenda ao critério de custo mínimo, ou seja, que a geração de energia tenha o menor custo possível no curto e longo prazos.
Este custo de geração está associado ao custo de combustível consumido pelas usinas termelétricas.
O grande problema é caracterizado por dois principais fenômenos:
1. incerteza nas condições hidrológicas futuras – não é possível prever com grande certeza qual o volume de chuvas futuras;
2. acoplamento inter-temporal – as decisões realizadas agora têm implicações futuras (caso decida-se gerar mais energia elétrica por fonte hídrica no presente, haverá um menor estoque de água nos reservatórios no futuro).
O dilema do Operador
A otimização da geração hidrotérmica pode ser ilustrada por meio do problema da “decisão do operador”.
O operador deve definir uma política de utilizar ou não a água em usinas hidrelétricas sem saber com alto grau de confiabilidade se irá chover o esperado nos períodos seguintes.
Se o operador utiliza a água do reservatório agora, o valor da energia será reduzido, porém, caso não chova no futuro, a conta de luz irá explodir, porque será necessário poupar água utilizando térmicas.
Se o operador poupar água agora, o valor da energia estará mais alto, pois mais usinas térmicas são acionadas, mas caso haja um grande volume de chuvas, provavelmente os reservatórios terão que verter água e estariam desperdiçando energia mais barata.
Observamos que o problema da otimização utiliza previsões de chuvas futuras (criadas a partir de uma análise estatística do histórico de afluências passadas) para estabelecer uma política ótima de geração hidrotérmica.
Esta análise estatística incorre em riscos que estão associados às frustrações das projeções de vazões futuras, podendo resultar em casos de vertimentos ou escassez hidrológica.
Devido a esta assimetria, o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) tende a privilegiar o estabelecimento de diretivas para mitigar o risco de escassez, mesmo que para isso haja mais cenários de desperdício, havendo portanto, o surgimento da Geração Fora da Ordem de Mérito.