Quando um consumidor atua no mercado livre de energia, ou quando está prestes a fazer a migração, uma série de responsabilidades vêm juntos com as vantagens deste ambiente de contratação.
A empresa que atua como consumidor livre ou especial pode fazer a gestão de energia através de seus próprios funcionários, ou ter um agente ou consultoria atuando em seu nome. Daí damos o nome de representação.
De forma resumida, todas as obrigações mensais, registros de compra e venda, cálculos de garantias financeiras, modulação, sazonalização e outros itens obrigatórios são adicionados à rotina da empresa que deseja atuar no mercado livre de energia.
A empresa pode assumir este operacional ou ceder uma representação a uma empresa especializada do setor.
Não existe uma forma certa de contratação deste serviço. A empresa deve fazer uma avaliação sobre a sua necessidade de gerenciamento de energia versus as ofertas de serviço pelos diferentes agentes.
Qualquer agente pode representar o outro mediante uma autorização específica enviada à CCEE, onde o consumidor cederá a autoridade de aprovação de compra/consumo para outro ator neste mercado.
Ou seja, a empresa que for representante CCEE terá a autonomia de registrar contratos e medições referentes ao consumo da empresa.
Quem pode fazer a representação na CCEE?
Basicamente, qualquer agente do mercado livre de energia, ou empresas de consultoria especializadas pode fazer o papel de representação na CCEE.
Os agentes da CCEE que geralmente oferecem esse serviço são: Geradores e comercializadores.
Geradores: são aqueles agentes responsáveis pela produção de energia, seja de fonte hidráulica, eólica, solar, térmica a gás, óleo ou biomassa.
Os geradores tem interesse em vender sua produção com antecedencia e ao melhor preço possível, vsito que sua remuneração depende do valor de venda final;
Comercializadores: são agentes responsáveis por dar liquidez ao mercado livre de energia. Compram energia no atacado, de vários fornecedores e montam uma carteira em que podem ofertar produtos mais personalizados para o consumidor final. Tem interesse em compor uma carteira com preço médio barato e vender com lucro ao final de um período.
Os dois agentes geralmente também ofertam o serviço de representação e gestão dos contratos na CCEE. Algumas vezes, o fazem até de “graça”.
Isto porque o valor de energia pode cobrir os custos operacionais da prestação de serviço.
Ou esses custos acabam sendo marginais, frente a quantidade de clientes administrados.
Além dos agentes tradicionais, existem as empresas de consultoria de energia ou de engenharia elétrica, que podem representar o agente mediante uma procuração específica.
Vale dizer que, embora não sejam agentes do mercado, pois não compram e vendem energia diretamente, as consultorias possuem login e senhas específicos no sistema da CCEE.
Como a forma de gerenciamento conflitante com os interesses do consumidor pode trazer vantagens ou desvantagens na contratação
Muitas empresas sentem-se mais confiantes se o fornecedor de energia também realizar o serviço de representação na CCEE, isto porque parece ser mais simples, uma vez que confia o fornecimento do produto e do serviço ao mesmo agente.
Porém, há de se questionar se o custo de energia é relevante dentro da empresa, pois no caso afirmativo, é importante revisar se esta estratégia é a ideal.
A consequencia de ter a mesma empresa fornecendo a energia e também realizando o serviço de representação são duas:
1. Você, como consumidor, delegou o controle de consumo à mesma entidade que vende o produto. Ou seja, o vendedor também tem o login de compra dentro do sistema, gerando um risco desnecessário.
O sistema da CCEE foi feito para haver a dupla concordância de registros (do vendedor e do comprador). No caso apontado, o fornecedor tem acesso e autoridade para atuar nos dois lados: vendedor e comprador.
2. Embora hajam várias empresas idoneas no mercado, nada garante que o valor de energia que foi ofertado pela empresa fornecedora seja o melhor e nem se é o melhor momento de compra. Uma vez que os interesses são conflitantes: o consumidor quer pagar o menor preço e o vendedor que vender pelo maior preço.
Por isso é importante que a empresa tenha ciencia de que as escolhas de representação neste mercado podem trazer algum risco embutido.
Para evitá-los, a empresa pode realizar treinamentos específicos sobre o setor ou contratar uma pessoa ou empresa independente, cujos interesses são comuns à diminuição de consumo e são remunerados por isso.
Falando em consumo versus preço de energia…
A própria empresa ou o representante independente tem o objetivo de diminuir os custos de energia. Seja pagando menos pelo Kwh, seja consumindo menos.
Isso pode ser conflitante com aqueles que desejam aumentar as vendas seja em preço ou em volume.
Outros produtos como eficiencia energética, monitoramento de desperdícios e auto produção de energia não são escopo dos serviços prestados pelo próprio fornecedor, dado que seria conflitante com seu objetivo economico final.
Portanto, no caso dos custos de energia serem desprezíveis, ou menores em relação ao todo, talvez o gerenciamento de energia custe mais do que os benefícios.
Porém, caso o custo de energia seja um dos maiores da empresa, é importante revisar a estratégia de contratação deste serviço, uma vez que mesmo sendo este ofertado “de graça”, pode trazer o custo final a um patamar mais elevado do que deveria.