Comitê de Gerenciamento de Energia Elétrica na empresa

Como mostramos em vários artigos por aqui no blog, um bom gerenciamento de energia elétrica, seja na redução do consumo, seja na compra correta de energia elétrica pode trazer benefícios muito grandes de custos.

Seja para melhorar o orçamento geral desta linha dentro da empresa, seja para se tornar mais competitivo que o concorrente.

Mas quando falamos sobre as oportunidades de compra de energia na empresa, parece que ser algo simples:

  1. você determina que precisa realizar a compra de energia;
  2. Faz 3 ou mais cotações com diferentes fornecedores;
  3. Recebe as cotações e procura as diferenças de preço nos centavos;
  4. Decide pelo menor preço.

Parece boa esta estratégia se você percebe que dentre as 3 cotações, você optou por aquela de menor preço.

Mas se eu te disser que o preço pago pode ter sido o maior valor histórico de energia.


E pior, vamos dizer que agora está vencendo o contrato e não há outra opção se não pagar esse prêmio maior pelo mesmo produto.

Bom, por nossa experiência, isso acontece frequentemente.

Isso porque a maioria das empresas, ainda não tem uma metodologia clara de compra e venda de energia implementadas como parte da gestão de custos.

É comum que seja contratado um longo período de suprimento e que este item não seja revisado mensalmente. Aliás, essa é a parte mais comum.

Como saber a melhor hora de comprar?

A melhor hora de comprar é quando surgem janelas de oportunidade, principalmente por dois fatores: maior oferta de energia hídrica ou menor demanda de energia pelos consumidores.

A janela de oportunidade pode se dar apenas por alguns dias ou semanas e voltar a patamar maiores em um curto período de tempo.

Se não houver um constante monitoramento de preço, até as aprovações de todos envolvidos serem realizadas, muito provavelmente esse tempo passou.

E porque um período curto de tempo?

A composição de geração de eletricidade no país é de cerca de 65% de fonte hídrica, e portanto, muito dependente de chuvas e de níveis de reservatórios.

Quando há muita água nos reservatórios, o preço cai. Quando há falta, o preço sobe.

Isso porque o suprimento de energia se dará por termelétricas em detrimento das hidrelétricas, gerando aumento no preço semanal, mensal da geração.

Em alguns momentos do ano, são esperadas chuvas dentro da média histórica. Porém, algumas semanas ou meses podem apresentar um regime pluviométrico com valor muito acima do normal, gerando momentaneamente uma oportunidade de compra de energia a curto e longo prazos.

Porém, a chuva daquela semana pode não ser suficientemente grande para encher os reservatórios, sendo que aquela quantidade maior de água poderá se acabar muito rapidamente. 

Se nas semanas seguintes, o nível esperado de chuvas for um pouco abaixo do histórico, a produção de energia de fonte hídrica será diminuída, pois não se sabe por quanto tempo a seca irá perdurar.

Isso irá fazer os preços aumentarem novamente.

Agilidade de decisão é diferencial em empresas de boa gestão de energia.

De nada adianta obter várias propostas de compra de energia se a aprovação da pessoa responsável não sair na velocidade desejada.

Por ser um mercado com certa volatilidade de preços de energia, é possível que em poucos dias, os valores recebidos como proposta tenham se modificados.

Pode ser que o diretor industrial tenha outras funções mais urgentes para olhar, que o gestor financeiro tenha que correr atrás de um investimento ou linha de crédito importante para a empresa, que o gestor técnico tenha realizado ajustes importantes na produção que levaram toda a sua atenção.

Enfim, é bastante provável que as situações diversas da empresa tomem o tempo que seria necessário para capturar os bons momentos de compra.

Para se evitar essa situação, é preciso que o item energia que muitas vezes é o TOP 3 custos mais altos da empresa seja um assunto que deve ser tratado mensalmente por um comitê de gestores das várias áreas interessadas. Listamos alguns interessados:

  1. o diretor geral;
  2. o gestor financeiro;
  3. o gerente de manutenção
  4. o gestor de compras;
  5. o diretor comercial;

O diretor comercial parece estranho nesse comitê de gestão de energia. Mas não é.

Ele quem sabe as expectativas de vendas da empresa para os próximos trimestres e será dele o input para que o gestor financeiro e de manutenção se preparem para novos custos de produção.

Adiantar-se às demandas futuras de energia dão permissão a área de compra se planejar para o melhor momento de emitir uma ordem para adquirir energia.

Se existe um período longo a ser verificado até o consumo, é possível avaliar o mercado para entender a probabilidade de haver aumento ou decréscimo nos valores de energia cobrado.

Recapitulando

1. Nem sempre o melhor preço recebido nas propostas é o melhor negócio a ser feito. O timing de compra é ainda mais importante;

2. O item Energia deve ser avaliado periodicamente pois o consumo e condições de mercado são voláteis, podendo ter alterações durante o longo período de contrato;

3. Nem sempre há disponibilidade dos tomadores de decisão capturarem os melhores preços de compra, por isso é importante que haja um processo estruturado na empresa que revisse este item constantemente;

4.Um comitê de gestão de energia facilita a conexão dos departamentos da empresa para que haja tempo suficiente para se avaliar o mercado e tomar as melhores decisões.