Os consumidores que ainda estão no mercado regulado pelo Governo, e que se encaixam nos requisitos para a migração para o Mercado Livre de Energia, os chamados consumidores cativos, receberão o bônus e o ônus de ter o insumo estratégico da empresa sendo gerido por autarquias públicas.
Apenas no Mercado Livre de Energia é possível decidir prazo, sazonalidade, modulação e outros componentes que podem otimizar o custo final de energia para a empresa consumidora.
Lembrando o que ocorreu em 2012, através de uma intervenção governamental no setor elétrico, em um primeiro momento, teve-se uma queda no valor das tarifas que estimularam o consumo, porém, como é sabido, após apenas 3 anos, as tarifas de energia voltaram a patamares 100% maiores, gerando um grande desconforto para a utilização de energia além de preocupação quanto a maiores reajustes.
Já no ano de 2016, para consumidores ligados à Eletropaulo e a outras concessionárias, viu-se uma queda de preços na conta de energia elétrica na ordem de 10% ou mais, dando um benefício temporário para os consumidores cativos.
A grande questão que se coloca aqui é que não há um efetivo controle sobre os custos de energia elétrica quando se está sob a gestão do Governo, podendo haver intervenções que tragam o custo total para baixo ou para cima sem gestão da própria empresa. Mesmo tendo temporariamente uma redução de custos em função de uma nova estrutura tarifária da concessionária, qualquer outra definição do governo pode colocar os custos novamente nas alturas.
Além dos pontos acima, é importante verificar em qual serviço a concessionária baixou os valores. Um exemplo é baixar o valor de energia, que pode ser livremente negociado no mercado livre de energia por consumidores livres, e aumentar o valor de transmissão, a chamada TUSD (tarifa de uso do sistema de distribuição).
Neste caso, contratando-se energia de fonte incentivada, é possível ter bons descontos na tarifa de transmissão, e comprando a um bom preço, ter ainda mais benefícios de custo frente aos valores faturados pela concessionária.
Outro ponto importante é que não se pode se beneficiar de contratação de energia a valores baixos estando no mercado regulado. A oscilação de preços no Mercado Livre de Energia pode gerar bons contratos a longo e médio prazo.
Possibilidade de Venda da Energia
No momento em que a empresa passa a ser consumidor livre ou consumidor especial de energia elétrica, a compra do MWh passa a ser um ativo da empresa. Já existe regulação da Aneel desde 2014 que permite ao consumidor livre ou consumidor especial transacionar suas sobras de energia, vendendo o excedente de energia para um outro agente do Mercado Livre de Energia.
Em tempos de alta nos valores de energia livre, é possível inclusive auferir “lucro” na venda de excedentes a preços de ocasião. Para os consumidores do mercado regulado, esta possibilidade é inexistente.
Havendo bom gerenciamento de energia, com política de compra bem definida, alinhada ao perfil de consumo, o Mercado Livre de Energia se torna estratégico para qualquer organização que queira se destacar em eficiência.
Existem empresas que conseguiram até 30% de redução de custos com energia contra os valores da concessionária que pagavam no Mercado Regulado.
Portanto, se uma empresa deseja ter boa gestão sobre este insumo, é extremamente importante que passe a analisar a possibilidade de migração ao Mercado Livre de energia. Segundo a Abraceel, as empresas que tiveram contratos de energia realizados no Mercado Livre tendem a ver 20% de redução de custos no longo prazo.